Sabe como ser um investidor qualificado e ter acesso a produtos financeiros exclusivos?
Na prática, você precisa ter acima de R$ 1 milhão investido no mercado financeiro ou passar por uma avaliação técnica para comprovar seus conhecimentos.
Das duas formas, você é promovido a um novo patamar de investidor e consegue aplicar em fundos de investimento mais sofisticados, além de outras vantagens que vamos detalhar ao longo do artigo.
Ficou interessado em saber como ser um investidor qualificado e alavancar seus ganhos?
Então, siga a leitura e veja se você está pronto para dar esse passo.
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Como ser investidor qualificado no Brasil
Se você quer saber como ser um investidor qualificado, é porque dispõe de capital para ir além no mercado financeiro e se expor a produtos e serviços mais sofisticados.
No Brasil, é considerado qualificado o investidor que possui investimentos financeiros acima de R$ 1 milhão e declara sua condição por escrito.
Quem criou essa definição foi a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que estabelece as seguintes condições na Instrução CVM nº 554 de 17 de dezembro de 2014:
“São considerados investidores qualificados:
- Investidores profissionais
- Pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 1 milhão e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor qualificado mediante termo próprio
- Pessoas naturais que tenham sido aprovadas em exames de qualificação técnica ou possuam certificações aprovadas pela CVM como requisitos para o registro de agentes autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de valores mobiliários, em relação a seus recursos próprios
- Clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por um ou mais cotistas, que sejam investidores qualificados.”
Investidor qualificado x investidor profissional
Existem basicamente três categorias de investidores definidas pela CVM: de varejo, qualificados e profissionais.
O primeiro é o pequeno investidor, que aplica de poucas centenas de reais até R$ 1 milhão no mercado financeiro.
O segundo, nós acabamos de definir, mas é importante não confundi-lo com o terceiro tipo, assim determinado pela mesma instrução da CVM:
“São considerados investidores profissionais:
- Instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil
- Companhias seguradoras e sociedades de capitalização
- Entidades abertas e fechadas de previdência complementar
- Pessoas naturais ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a R$ 10 milhões e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor profissional mediante termo próprio
- Fundos de investimento
- Clubes de investimento, desde que tenham a carteira gerida por administrador de carteira de valores mobiliários autorizado pela CVM.
- Agentes autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM, em relação a seus recursos próprios;
- Investidores não residentes.”
Logo, fica clara a diferença entre o investidor qualificado e o profissional, não só pelo valor mínimo de investimentos (R$ 1 milhão contra R$ 10 milhões), mas pelo caráter majoritariamente institucional da segunda categoria.
> Leia também: Fundo exclusivo para investidor qualificado: como investir?
Vantagens em ser um investidor qualificado
A principal vantagem de ser um investidor qualificado é ter acesso a produtos financeiros exclusivos para essa categoria.
No geral, são investimentos mais sofisticados e que aplicam em ativos do exterior, oferecendo oportunidades de rentabilidade superior à dos produtos disponíveis para investidores comuns.
Alguns exemplos são Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRI e CRA), fundos de investimento em participações (FIPs) e fundos mútuos de investimento em empresas emergentes (FMIEE).
Dessa forma, o investidor qualificado consegue dar um passo além no mercado financeiro e diversificar sua carteira com produtos e serviços exclusivos, melhorando o perfil do seu portfólio.
Riscos de ser um investidor qualificado
O acesso exclusivo a investimentos mais complexos também tem um aspecto que merece cuidado, pois os riscos e a volatilidade podem ser maiores do que nos produtos financeiros usuais.
Na visão da CVM, esse tipo de investidor tem conhecimento e experiência suficientes para lidar com esses riscos, proteger sua carteira e lidar com a volatilidade.
Inclusive, as classificações por patrimônio aplicado foram criadas justamente para evitar que pequenos investidores acabem comprometendo seu capital com produtos arrojados e inadequados para seu perfil.
Logo, você só deve se tornar um investidor qualificado se estiver ciente desses riscos e souber aplicar estratégias para mitigá-los.
Como se tornar um investidor qualificado: dois caminhos
Você pode seguir dois caminhos diferentes para se tornar um investidor qualificado: o do patrimônio e o da qualificação técnica.
Veja como funciona cada um.
Investir mais de R$ 1 milhão e declarar
A primeira forma de se tornar um investidor qualificado é a mais simples: basta ter mais de R$ 1 milhão investido em quaisquer aplicações e declarar isso por escrito.
Para isso, você pode solicitar o Termo de Investidor Qualificado à sua corretora de valores, ao seu banco ou ao seu assessor de investimentos.
Na maioria dos casos, o documento é assinado digitalmente.
Uma alternativa é o modelo que a CVM sugere:
“Declaração da Condição de Investidor Qualificado
Ao assinar este termo, afirmo minha condição de investidor qualificado e declaro possuir conhecimento sobre o mercado financeiro suficiente para que não me sejam aplicáveis um conjunto de proteções legais e regulamentares conferidas aos investidores que não sejam qualificados.
Como investidor qualificado, atesto ser capaz de entender e ponderar os riscos financeiros relacionados à aplicação de meus recursos em valores mobiliários que só podem ser adquiridos por investidores qualificados.
Declaro, sob as penas da lei, que possuo investimentos financeiros em valor superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).
Data e local,
_____________________
[Inserir nome]”
Na prática, a corretora de valores não é obrigada a conferir se você realmente tem R$ 1 milhão aplicado ou uma renda compatível, pois o documento está mais para um termo de responsabilidade do que um comprovante legal.
Ser aprovado em exame de qualificação técnica
Se você ainda não tem R$ 1 milhão aplicado, mas se sente preparado para ser um investidor qualificado e acessar produtos mais sofisticados, a alternativa é ser aprovado em um exame de qualificação técnica reconhecido pela CVM.
Essa avaliação servirá para comprovar que você tem conhecimento avançado no mercado financeiro e consegue lidar com os riscos de investimentos mais complexos.
Estes são os testes aprovados pela CVM:
- Certificação de Especialista em Investimentos (CEA) da Anbima
- Certified Financial Planner (CFP) para planejadores financeiros
- Certificação de Gestores Anbima (CGA)
- Certificação de Agente Autônomo de Investimentos (AAI) pela Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord)
- Certificação Chartered Financial Analyst (CFA III)
- Certificado Nacional do Profissional de Investimento (CNPI).
Ao ser aprovado em qualquer um desses testes, você já pode se autodeclarar um investidor qualificado sem precisar de um valor mínimo investido.
> Leia também: Quem pode participar de um fundo exclusivo?
Produtos exclusivos para investidores qualificados
De acordo com a CVM, esses são os produtos e condições exclusivas para investidores qualificados, que não estão disponíveis para o investidor de varejo:
- Cotas de fundos mútuos de investimento em empresas emergentes (FMIEE)
- Cotas de fundos de investimento em participação (FIP)
- Cotas de fundos de investimento em direitos creditórios (FDIC)
- Cotas de fundos de investimento em direitos creditórios no âmbito do Programa de Incentivo à Implementação de Projetos de Interesse Social (FIDC-PIPS)
- CRIs não performados
- CRIs com pedido de registro sem a averbação do Termo de Securitização de Créditos
- CRIs sem acompanhamento de agência de rating
- Acesso a registros provisórios
- Telas de acesso a sistemas de negociação de bolsa estrangeira
- Integralização de cotas em bens e direitos sem laudo, oferta sem prospecto e classes de cotas com direitos econômicos distintos em fundos imobiliários (FIIs)
- Permissão para negociar, em mercado secundário, valores mobiliários em ofertas com esforços restritos de companhias abertas com ou sem registro.
Lembrando que, desde setembro de 2020, a CVM liberou as negociações de BDRs (Brazilian Depositary Receipts, ou Certificados de Depósito de Valores Mobiliários) Nível I para investidores não qualificados.
Dicas de investimento para investidores qualificados
Se você está se tornando um investidor qualificado, é importante aprender ao máximo sobre suas possibilidades de investimentos. Nessa jornada, vale a pena ficar atento às seguintes dicas:
Entenda o que são fundos exclusivos
Os fundos exclusivos são alternativas interessantes para os grandes patrimônios.
Funcionam da mesma forma que os fundos de investimento comuns, com o diferencial do alto grau de personalização e acesso limitado a públicos de alto poder aquisitivo.
Com o fundo exclusivo, você se torna um investidor profissional e eleva a personalização da carteira a um nível superior, além de ter acesso a produtos financeiros mais restritos.
Entenda os fundos de debêntures incentivadas
Fundos de debêntures incentivadas são veículos interessantes para comprar crédito de grandes empresas sem ter que fazer a seleção individual dos ativos e a análise de cada um dos créditos.
Nesse tipo de fundo, você não paga Imposto de Renda.
Avalie os fundos de direitos creditórios
Esse tipo de fundo ainda não é muito conhecido no Brasil, mas faz bastante sentido para investidores qualificados que buscam diversificação e opções de crédito privado com maior retorno.
Trata-se de uma maneira de investir nos recebíveis (imobiliários, por exemplo) de empresas. Alguns desses fundos, voltados para infraestrutura, também oferecem isenção de Imposto de Renda.
Conheça os fundos de investimento em participações
Os fundos de investimento em participações são veículos que captam recursos para investimentos em empresas fechadas e abertas de diferentes áreas. Destinam-se apenas a investidores qualificados.
Um exemplo é o Vinci Energia FIP – IE (VIGT11).
Por investir em projetos de infraestrutura de energia elétrica, tem isenção de tributação para pessoa física, tanto nos rendimentos quanto na valorização das cotas. Os retornos são atraentes, e o benchmark, 350 bps acima da NTN-B de 10 anos.
Conheça a previdência privada
A previdência privada permite diferimento do pagamento do Imposto de Renda, oferece a menor alíquota no longo prazo (10% após 10 anos), apresenta possibilidades de abatimentos até 12% da renda tributável no IR e conta com enorme facilidade na transmissão de patrimônio.
Invista para o longo prazo
Mesmo que você faça algumas aplicações de curto prazo, tenha em vista um horizonte de muitos anos de planejamento.
Dessa forma, você usa a volatilidade ao seu favor e utiliza os juros compostos para maximizar o seu patrimônio e construir seu futuro.
Invista globalmente
Investidores qualificados têm maior facilidade para diversificar seu portfólio não apenas entre classes de ativos, mas também em regiões geográficas. Que tal avaliar um BDR de ETF do índice indiano, por exemplo, de olho no crescimento daquele país?
Uma das maneiras mais interessantes de fazer esses investimentos globais é por meio de fundos. O Morgan Stanley Global Advantage, por exemplo, gerido por Dennis Lynch e uma referência em rentabilidade nos últimos anos, faz value investing com stock picking global das empresas com maior potencial de retorno no planeta.
Invista em fundos de ações
Muitos fundos de ações não são restritos a investidores qualificados, mas se trata de um universo que merece ser analisado com atenção.
Embora seja tentador fazer o stock picking por conta própria, a melhor maneira de começar a investir é contar com a expertise dos gestores. Para isso, vale a pena mergulhar nos nossos posts sobre fundos de ações e conhecer um pouquinho mais de sua rentabilidade e gestão.
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5 exemplos de fundos para o investidor qualificado
Agora que você sabe como ser um investidor qualificado e quais as vantagens e riscos, já pode conhecer alguns fundos de investimento restritos a esse público.
Conheça algumas opções.
BTG Pactual Absoluto LS FIC FIA
O BTG Pactual Absoluto LS FIC FIA é um fundo de ações voltado a investidores qualificados.
Trata-se de um fundo Long & Short, que opera majoritariamente com ações brasileiras.
Ele está no mercado desde fevereiro de 2012 e tem como objetivo alcançar rendimentos superiores às taxas de juros no longo prazo por meio de investimentos no mercado de ações.
A taxa de administração do fundo é de 2% ao ano sobre o patrimônio líquido, além de uma taxa de performance de 20% sobre a rentabilidade que exceder 100% do CDI.
O investimento inicial mínimo é de R$ 5 mil e a movimentação mínima de R$ 1 mil, com resgate (cotização) em D+30 e liquidação em D+32.
Trafalgar Royal Long Bias Latam FIC FIA
O Trafalgar Royal Long Bias Latam FIC FIA é um fundo para investidores qualificados que investe até 100% do patrimônio em cotas de um outro fundo da mesma gestora: o Trafalgar Royal Long Bias Latam Master Fundo de Investimentos em Ações.
Com a criação de um fundo master, para o qual são direcionados aportes de outros fundos (chamados feeders), os ganhos são otimizados e as operações uniformizadas.
O objetivo do fundo é encontrar prêmios de risco atrativos para diferentes cenários na América Latina, sempre com foco no longo prazo.
A taxa de administração é de 2% ao ano e taxa de performance é de 20% sobre o que exceder 100% da variação do IPCA + 6% ao ano.
A aplicação mínima é de R$ 20 mil e o resgate é liquidado em D+32.
Empírica Lótus Crédito Privado FIC FIM
O Empírica Lótus Crédito Privado FIC FIM é exclusivo para investidores qualificados e foi eleito um fundo 5 estrelas pela revista Exame em 2019.
Ele investe em cotas de FIDCs próprios, com meta de retorno acima de 125% do CDI.
A carteira é composta por FDICs com lastros em recebíveis comerciais, cartões de crédito, home equity, microcrédito, financiamento imobiliário e outros.
A aplicação mínima é de R$ 25 mil, taxa de administração de 0,80% e taxa de performance de 20% do que exceder o CDI.
JP Morgan Global Macro Opportunities FIC FIM IE Classe A
O JP Morgan Global Macro Opportunities FIC FIM IE Classe A é um fundo indicado para investidores qualificados que buscam diversificação global.
Ele é classificado como multimercados macro e busca retornos acima do CDI em médio e longo prazo, alocando o capital em mercados externos de juros, câmbio e bolsa.
A aplicação mínima é de R$ 5 mil e a taxa de administração é de 1,25% (não há taxa de performance).
BRZ Infra Portos FIP-IE
O BRZ Infra Portos FIP-IE é um fundo de investimento em participação em infraestrutura focado no mercado portuário.
Ele tem como objetivo potencializar o fluxo de dividendos e a valorização das cotas, através do investimento em ativos diferenciados do setor portuário.
Suas cotas são negociadas na bolsa de valores com o código BRZP11, e a taxa de gestão é equivalente a 1,5% sobre o valor de mercado do fundo nos primeiros 26 meses (depois, sobe para 2% ao ano).
Lembrando que esses fundos são apenas exemplos para você entender os produtos para investidores qualificados, e não recomendações de investimento, certo?
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Lembre-se: rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro. O desempenho dos fundos é líquido de taxas, mas não de impostos. O conteúdo deste blog tem o objetivo de educação financeira. Não tome decisões baseadas unicamente neste ou em qualquer texto. Faça a lição de casa, estude, questione, investigue e dê valor ao seu dinheiro.
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