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Como analisar um fundo de ações e escolher os melhores

Gustavo Heldt

Afinal, como analisar um fundo de ações? Essa é uma excelente pergunta.

Analisar um fundo de ações significa conhecer o gestor, o tipo de estratégia adotada, entender a gestão de risco, conferir o desempenho no longo prazo e verificar a performance tanto em momentos de euforia de mercado quanto em períodos de turbulência e incerteza.

Não parece fácil, né? Para quem está começando a investir e dando seus primeiros passos em fundos de investimento, a comparação e análise de fundos de ações pode ser um grande desafio.

Para ajudar, preparamos um guia básico para iniciantes.

Nas próximas linhas, tentamos elucidar algumas das principais questões sem a utilização de termos técnicos demais e tentando traduzir ao máximo conceitos sofisticados para que todos possam assimilar.

Consultoria de investimentos

Fundo de ações: por onde começar

Antes de analisar um fundo de ações, você precisa estar familiarizado com conceitos importantes do mercado financeiro.

Conheça os principais termos e suas definições rápidas abaixo:

Cotas

Cotas são frações que equivalem a uma parte do patrimônio total de um fundo. Cada cota tem um valor que resulta do patrimônio líquido divido pelo número de cotas do fundo. 

Se você investe R$ 1 milhão em um fundo, está adquirindo um número X de cotas. A valorização dos ativos do fundo vai encarecer, aos poucos, o valor da cota.

Se você faz apenas um aporte em um fundo de ações e, dois anos depois, solicita o resgate, o que ocorre na prática é a venda das suas cotas (em mesmo número), que estarão mais caras ou mais baratas conforme o desempenho do fundo.

Fundo de investimento

Fundo de investimento é uma modalidade de investimento coletivo que funciona como um condomínio.

Cada investidor adquire cotas e paga uma taxa de administração anual para remunerar o gestor e bancar os custos do fundo.

O investidor delega as decisões de investimento para o gestor, que aloca os recursos conforme sua estratégia e as diretrizes delineadas no mandato.

Ações

Ações são pequenas parcelas de uma empresa. Esses papéis são negociados na bolsa de valores.

Quando o investidor compra ações de uma companhia, se torna um acionista dela e tem acesso a uma parte dos lucros.

Por lei, 25% do lucro líquido da sociedade anônima de capital aberto deve ser distribuído para os seus acionistas. É por isso que se diz que o investimento em ações mira ativos geradores de renda e de riqueza.

Ibovespa

Índice da bolsa de valores brasileira que reúne as ações mais negociadas. Costuma ser o benchmark dos gestores de fundos de ações.

Benchmark

Trata-se de uma “meta” que o gestor de um fundo deve superar para ser premiado com o pagamento da performance.

Taxa de performance

A taxa de performance é um percentual que incide sobre a valorização acima do benchmark de um fundo.

É cobrada apenas quando o fundo supera essa meta previamente exposta.

Em um fundo de ações, como vimos, o principal benchmark é o Ibovespa.

Renda variável

Renda variável é um tipo de investimento em que o investidor não tem como prever a rentabilidade de um ativo.

Isso porque os ganhos acompanham as oscilações do mercado, motivo pelo qual a renda variável também apresenta maior risco e potencialmente maior ganho.

Liquidez

Liquidez é a capacidade de transformar um ativo em dinheiro com rapidez.

Quanto mais liquidez tem um investimento, maior é a facilidade de resgatá-lo sem perda de valor.

Rentabilidade

A rentabilidade, por sua vez, é o retorno que uma aplicação gera.

Trata-se da diferença entre o capital investido e o montante resgatado com a incidência de juros.

No vídeo abaixo, você confere um super conteúdo com dicas para montar uma carteira de investimentos alinhada aos seus objetivos e perfil.

Como analisar um fundo de ações: o que observar

Agora que você já conhece os termos básicos, descubra como analisar um fundo de ações a partir de fatores essenciais:

1. Entenda o que é um fundo de ações

Antes de tudo, para analisar um fundo de ações, você precisa compreender quais são os tipos existentes e entender seus mecanismos.

Para isso, vamos recorrer às definições e à classificação da Anbima, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.

Fundos de ações são fundos de investimento que apresentam, pelo menos, 67% da carteira em ações à vista, bônus ou recibos de subscrição, certificados de depósito de ações, cotas de fundos de ações, cotas dos fundos de índice de ações e Brazilian Depositary Receipts.

Simplificando: grande parte dos ativos deve ser de ações. Se é de fato o que você está buscando, então pule para o próximo tópico.

2. Compreenda os tipos de gestão

Mais uma vez, recorremos à Anbima para destacar os quatro tipos principais de gestão de fundos de ações:

  • Indexados: buscam acompanhar variação de indicador de referência
  • Ativos: tentam superar o índice de referência
  • Específicos: têm estratégias como monoação e de condomínio fechado
  • Investimento no Exterior: investem mais de 40% do patrimônio líquido em ativos no exterior.

Provavelmente, você quer analisar fundos de ações do tipo ativo, que tenta superar o benchmark. Caso esteja de olho apenas em acompanhar o Ibovespa ou Smal11, confira nosso post sobre ETFs.

3. Conheça a estratégia do fundo

Aqui a sua análise do fundo de ações começa a ficar mais difícil (e interessante).

A Anbima traz as seguintes estratégias para fundos de ações, mas é preciso ir bem mais a fundo para compreender as engrenagens de cada um:

  • Valor / Crescimento: tentam encontrar empresas de ótima qualidade a bons preços
  • Setoriais: investem em empresas do mesmo setor ou subsetor
  • Dividendos: concentram recursos em empresas boas pagadoras de dividendos e proventos
  • Small Caps: investem em empresas de baixa capitalização e com bom potencial de valorização
  • Sustentabilidade / Governança: direcionam recursos para empresas com alta qualidade de governança corporativa, responsabilidade social ou sustentabilidade empresarial, conforme estabelecido em regulamento
  • Índice Ativo (Indexed Enhanced): adotam deslocamentos táticos da carteira de referência para superar um índice específico
  • Livre: não têm compromisso com uma estratégia específica.

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4. Aprofunde a análise da estratégia do fundo de ações

No tópico anterior, vimos algumas das principais estratégias de fundos de ações, conforme as definições propostas pela Anbima.

A seguir, propomos mais um nível de detalhamento, que faz bastante sentido ao analisar um fundo de ações:

Long only

Fundos apenas “comprados“. Investem em empresas com foco em sua valorização, sem estratégias de “short”. A proteção desse tipo de fundo é o caixa, que pode ser usado para aproveitar momentos de baixa no mercado.

Long Short

Utilizam estratégias de “long” (compra) e “short” (venda). Podem aproveitar assimetrias entre duas ações de um mesmo setor, por exemplo, comprando uma e vendendo outra. Assim, não têm necessariamente uma alta correlação com o Ibovespa.

Long Biased

Apresentam um “viés” de compra, mas também podem adotar posições vendidas para reduzir exposição líquida. Também não acompanham necessariamente o índice Bovespa em suas variações.

5. Entenda a análise fundamentalista das ações

Ao analisar um fundo de ações de value, é essencial se concentrar na figura do gestor e em como ele assimila, interpreta e incorpora as informações do mercado e das empresas para tomar suas decisões.

Nesse sentido, uma distinção simples pode fazer toda a diferença:

Análise Top-Down

A análise das ações começa pelo cenário macroeconômico, pelo contexto político e por todas as grandes tendências e perspectivas que se descortinam no horizonte das empresas que serão comparadas.

Assim, o gestor tende a se concentrar antes nos setores do que nos fundamentos das companhias especificamente.

Análise Bottom Up

A análise das ações começa pelo chão da fábrica, digamos. A análise bottom-up é de baixo para cima e se concentra principalmente nos fundamentos da empresa: P/L, EV/Ebitda, P/VPA, vendas, cabeça dos gestores, etc.

É a análise que costuma ser usada pelos investidores “buy and hold“, que compram barato e carregam por longo prazo.

6. Analise o gestor do fundo

No fim das contas, se você fez o dever de casa, já deve ter alguns nomes de fundos na cabeça. Então é hora de tomar duas medidas:

Leia o gestor

Comece a ler as últimas cartas do gestor, que são publicadas semestralmente. Além disso, siga o gestor no Twitter ou nas redes sociais para descobrir o que ele pensa e, principalmente, como ele pensa.

Assista ao gestor

Muitos gestores de fundos de ações dão entrevistas rotineiramente e participam de lives de casas de análises, corretoras e instituições financeiras. Por isso, faça uma listinha com seus gestores preferidos e faça a busca pelos nomes no YouTube.

Você vai encontrar material farto para entender bem como ele pensa e como ele toma as decisões de investimento no fundo.

7. Analise o histórico do fundo de ações

Rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro. Mas é bom dar uma olhadinha no passado do fundo no qual você pretende colocar o seu dinheiro.

Nessa hora, vale a pena usar um comparador de fundos e ficar atento a dois tipos de cenários — o desempenho do fundo naqueles momentos de euforia em que todo o mercado estava subindo e o desempenho do fundo naqueles momentos de pânico e incerteza em que estava todo mundo caindo.

Também fique atento à volatilidade e à oscilação das cotas ao longo dos períodos de estresse. Você vai ver: há alguns fundos que vão deixar você de cabelo branco, mas talvez valha a pena.

Cuidados ao analisar um fundo de ações: o que não fazer

Nas linhas a seguir, você vai descobrir o que NÃO deve fazer ao analisar um fundo de ações. Confira:

1. Ignorar a oscilação da renda variável

A renda variável é tão atraente porque ela, hmm, varia. Isso significa que suas cotas vão se valorizar e desvalorizar, às vezes subitamente, sem aviso.

Você está preparado para ver uma desvalorização abrupta de 50% do seu patrimônio no fundo de ações?

Esse cenário trágico não é fantasia. Acontece, de fato, e você deve estar preparado. Nenhum gestor quer que isso aconteça, mas é possível. Aloque em renda variável apenas aquele percentual do portfólio que você estiver disposto a não mexer no curto prazo.

2. Investir para o curto prazo

Ao analisar um fundo de ações, você deve lembrar que está lidando com um investimento de longo prazo. Não adianta exigir dele um retorno em 30 dias ou seis meses. Se a sua perspectiva é essa, você vai se machucar.

Invista em fundos de ações para prazos superiores a cinco anos. Quanto mais longa a janela temporal, mais bonito tende a ser o gráfico e o final da história.

3. Não avaliar os custos

Não dá para ignorar os custos envolvidos na aplicação. Ao investir em um fundo de ações, você deve considerar as taxas cobradas. Nessa conta, devem entrar a taxa de administração e de performance.

Fique atento e receoso de qualquer cobrança superior a 2% de taxa de administração e 20% de performance.

4. Se apaixonar pelo fundo de ações

Você não deve ficar refém de apenas um fundo de ações. Essa é uma recomendação não tanto ortodoxa, mas faz sentido.

A diversificação de fundos é um caminho interessante para aproveitar as melhores estratégias de diferentes gestores e não ficar dependendo da genialidade de apenas um indivíduo.

Especialmente no curto prazo, a concentração em apenas um fundo de ações pode machucar.

5. Investir tudo em fundo de ações

O universo das ações é fascinante. Quanto mais você ler a respeito, mais tende a se envolver e se apegar. Mas é importante deixar claro que o mercado financeiro é extremamente competitivo e desafiador.

É fácil se machucar se você entrar na euforia e achar que tudo vai subir para sempre.

Por isso, ao analisar fundos de ações, encare esse tipo de investimento para o longo prazo, em um portfólio diversificado, e mantenha um bom fundo de emergência com ativos de renda fixa extremamente líquidos.

Esse colchão de liquidez vai ser útil não apenas em momentos de emergência pessoal, mas também em cenários de pânico e liquidações no mercado.

Nessas horas, quem tem dinheiro pode aproveitar os melhores fundos de ações com grandes descontos.

Se você adotar essa lógica e essa perspectiva de longo prazo, os fundos de ações serão seus grandes aliados na construção de patrimônio.

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E aí, gostou das dicas? Agora que você já sabe como analisar um fundo de ações, é hora de colocar todos esses insights em prática. Se este conteúdo foi útil para você, deixe um comentário.

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Lembre-se: rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro. O desempenho dos fundos é líquido de taxas, mas não de impostos. O conteúdo deste blog tem o objetivo de educação financeira. Não tome decisões baseadas unicamente neste ou em qualquer texto. Faça a lição de casa, estude, questione, investigue e dê valor ao seu dinheiro.

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Gustavo Heldt

Consultor associado da TRAAD Wiser Investor. Especialista em Investimentos e Finanças.

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