Investir com uma carteira administrada pode ser uma boa estratégia para quem não tem tempo suficiente para gerir seus próprios investimentos.
Afinal, criar um portfólio diversificado demanda planejamento, conhecimento de mercado e habilidade para escolher as melhores oportunidades.
Pode ser que o investidor conheça de investimentos e já tenha uma carteira de iniciante, mas a sua rotina de muitos compromissos não permite uma análise adequada dos ativos e do mercado.
Por meio de uma carteira administrada, ele fica tranquilo em saber que seus investimentos estão sendo geridos com o devido cuidado.
Quer saber mais sobre como funciona uma carteira administrada, quais são suas vantagens e desvantagens e quando vale a pena ter uma?
É só continuar a leitura.
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Carteira administrada: o que é?
Carteira administrada é uma estratégia na qual o investidor terceiriza a gestão de seus investimentos a um profissional certificado e autorizado a atuar desta forma, denominado administrador de carteiras.
As regras que disciplinam a gestão de carteiras administradas constam na Resolução CVM 21, que “dispõe sobre o exercício profissional de administração de carteiras de valores mobiliários”.
Ao optar por uma carteira administrada, o cliente abre mão de decidir quais ativos comprar e delega essa função ao administrador, que passa a ser um prestador de serviços.
Ao administrador cabe entender as reais necessidades do cliente, bem como seu perfil, metas, objetivos e tolerância ao risco.
Uma maneira fácil de entender do que se trata uma carteira administrada é fazer a comparação com um pacote de viagem, por exemplo.
Como turista, você pode aventurar-se por lugares desconhecidos e explorar os atrativos por conta própria, mas isso tem um risco.
Pode acontecer de você não aproveitar como poderia os melhores lugares para se conhecer ou gastar mais do que pretendia ao escolher inadvertidamente uma hospedagem ou um restaurante.
Se ao invés de fazer isso sozinho, você contratar um agente de viagens, o roteiro pode ser customizado conforme suas expectativas.
Como o guia turístico é um profissional da área, é dever dele conhecer melhor do que ninguém as particularidades do roteiro, de forma a proporcionar a você a melhor experiência possível.
O mesmo princípio se aplica a uma carteira administrada: você informa para o administrador quais são os seus objetivos e ele escolhe o melhor caminho para você chegar lá.
No vídeo abaixo, tem um super conteúdo sobre como montar uma carteira de investimentos, passo a passo:
Como funciona uma carteira administrada?
Uma carteira administrada funciona aos moldes de uma terceirização de serviços, em que o administrador de carteiras deve entender as necessidades do investidor para entregar a solução mais adequada.
Em linhas gerais, estas são as etapas:
- Ao procurar uma instituição financeira apta a gerir recursos de terceiros, o investidor explica quais são suas expectativas, metas, objetivos e tolerância ao risco
- O administrador de carteiras analisa as informações e cria um portfólio adequado aos objetivos do cliente, que pode ser viver de renda, comprar uma casa, pagar a faculdade do filho, etc.
- A cada novo aporte, o gestor da carteira administrada faz as alocações considerando as premissas adotadas, balanceando o portfólio se necessário
- A gestão de risco também é função do administrador, que pode usar instrumentos de proteção ou estratégias de “hedge natural” a fim de aumentar o potencial de retorno e mitigar os riscos de perdas.
Vale ressaltar que a gestão da carteira administrada é feita pelo administrador, mas na conta registrada no CPF do investidor.
> Leia também: Onde investir 5 milhões de reais com segurança e bom retorno.
Qual a diferença entre carteira administrada e fundo exclusivo?
Uma carteira administrada, como vimos, é um portfólio de investimentos particular gerido por um administrador devidamente credenciado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Ao contratar um gestor para administrar sua carteira, o investidor parte do pressuposto de que o profissional faz o trabalho com mais assertividade e eficiência do que ele próprio.
Em uma carteira administrada, no entanto, os ativos são registrados no CPF do investidor e submetidos às regras regulatórias e tributárias aplicadas às pessoas físicas.
Um fundo exclusivo, por outro lado, é um veículo de investimento destinado a investidores qualificados feito sob medida para um único cotista.
Ao criar um fundo exclusivo, o investidor também conta com uma gestão profissional, assim como na carteira administrada, mas há algumas diferenças importantes.
As principais são:
- A criação de um fundo exclusivo segue basicamente as mesmas etapas de um fundo convencional, portanto, precisa de gestor, administrador, custodiante e auditor independente
- Por meio de um fundo exclusivo, o cliente investe como pessoa jurídica (através do CNPJ do fundo) e não como pessoa física, como via carteira administrada
- O custo de um fundo exclusivo geralmente é maior do que o de uma carteira administrada, por envolver diferentes prestadores de serviços
- A eficiência tributária de um fundo exclusivo também pode ser maior do que em uma carteira administrada, levando em conta que o fundo não paga IR nas movimentações internas (compra e venda de ativos)
- Um fundo exclusivo pode ser usado como uma ótima ferramenta de planejamento sucessório, ao possibilitar a adoção de cotas em vida aos herdeiros, algo incomum numa carteira administrada.
Como você pode ver, tanto a carteira administrada quanto o fundo exclusivo tem como objetivo profissionalizar a gestão dos investimentos, mas com diferenças fundamentais.
A escolha entre uma ou outra alternativa deve considerar principalmente a relação custo-benefício, o que tem influência direta do tamanho do patrimônio.
Gerenciar meus ativos ou ter uma carteira administrada: o que é melhor?
Investir com uma carteira administrada ou gerir os próprios ativos é uma decisão que deve ser tomada considerando diferentes aspectos.
O primeiro ponto é o volume de capital para investir versus o custo de se ter uma gestão profissional exclusiva e sob medida.
Ao escolher uma carteira administrada, o investidor terá um custo adicional que não teria se gerisse seus ativos por conta própria.
Afinal, o gestor é remunerado pelo cliente e não pela “taxa de rebate”, como ocorre com os agentes autônomos de investimentos.
Ao montar a carteira por conta própria, por outro lado, o investidor está no comando das decisões e não tem os custos extras, mas precisará criar sua tese de investimentos sozinho.
Para isso, deverá estudar o mercado, analisar as tendências, acompanhar a performance dos ativos, rebalancear a carteira sempre que necessário e atentar-se aos diversos tipos de riscos.
O aspecto psicológico também conta muito quando o assunto é gestão de ativos, algo que contamina mais o investidor do que o administrador profissional.
O investidor pode, por exemplo, manter na carteira um ativo ruim para não realizar um prejuízo, mesmo que isso tenha um custo de oportunidade alto, problema que o administrador não teria dificuldade em corrigir.
O distanciamento crítico do gestor profissional, nesse aspecto, é uma vantagem.
Mas afinal, o que vale mais a pena, gerenciar meus próprios ativos ou ter uma carteira administrada?
A resposta mais adequada para esta pergunta é: depende.
Se o tamanho do seu patrimônio compensa o custo adicional de um administrador e você considera vantajoso investir como um profissional, a carteira administrada certamente é uma escolha inteligente.
Por outro lado, se o tamanho do seu patrimônio não justifica o custo de uma carteira administrada ou você tem tempo e conhecimento o suficiente para cuidar do seu próprio dinheiro, gerir por conta própria pode ser a melhor opção.
Quando criar uma carteira administrada?
O serviço de carteira administrada historicamente é oferecido a clientes premium com patrimônio na casa dos milhões de reais.
Em geral, quanto maior o volume de recursos do investidor, menor a taxa de administração, percentual cobrado anualmente sobre o total investido.
Com o amadurecimento do mercado e o surgimento de novos players, o que se vê é uma tendência de democratização das carteiras administradas, graças em parte às ferramentas digitais.
Hoje em dia, já é possível encontrar instituições que administram carteiras de clientes com patrimônio inferior a R$ 1 milhão, algo que não se via até pouco tempo atrás.
No entanto, vale ressaltar que, quanto menor é o tamanho do patrimônio para acessar uma carteira administrada, menor tende a ser o nível de personalização do serviço.
São casos em que, para baixar o custo e ganhar em escala, os gestores criam carteiras padronizadas e automatizadas para um determinado perfil de cliente, sem considerar as especificidades de cada um deles.
Uma carteira administrada nesses moldes pode se parecer mais com uma “commodity” do que, de fato, com um produto customizado.
Para quem está iniciando a jornada de investimentos, no entanto, pode ser que faça sentido começar por uma carteira no piloto automático e avançar de fase à medida que o patrimônio crescer.
Outra opção é contar com os serviços de uma consultoria de investimentos, considerando que a remuneração do profissional está atrelada aos seus ganhos.
Vantagens da carteira administrada
Investir por meio de uma carteira administrada tem diversas vantagens, sobretudo se o investidor tiver pouco tempo para acompanhar a performance de seus investimentos.
Confira as principais.
Gestão profissional
A vantagem mais evidente de um carteira administrada sem dúvida é a gestão profissional.
Vale ressaltar que, para atuar no mercado, o administrador de carteiras precisa ser certificado e credenciado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Entre as certificações válidas destacam-se:
- CGA (Certificação de Gestores Anbima)
- CFA (Chartered Financial Analyst) nível 3
- CGE (Certificação de Gestores Anbima para Fundos Estruturados).
Como profissional que vive o mercado financeiro, o administrador de carteiras tem acesso a informações de qualidade e a análises avançadas, o que faz muita diferença nas decisões de investimento e gerenciamento de risco.
Um investidor comum, mesmo com tempo disponível para acompanhar o mercado, certamente seria prejudicado pela assimetria de informações.
Alinhamento de interesses
Outra vantagem de contratar uma carteira administrada é o alinhamento de interesses entre o gestor e o investidor.
Afinal, o administrador de carteiras é um prestador de serviços remunerado pelo cliente.
A situação é diferente, por exemplo, das recomendações do gerente do banco de varejo, que nem sempre está preocupado com o que é melhor para o cliente e, sim, com as próprias metas.
Com o administrador de carteiras, é diferente.
Quanto melhor for o resultado do seu cliente e mais o patrimônio dele crescer, maior tende a ser sua remuneração.
Investimentos personalizados
Ao criar uma carteira administrada, o investidor terceiriza a gestão dos ativos a um profissional, mas deixa claro quais são seus objetivos e metas com o investimento.
Seria como contratar um chef de cozinha para fazer um jantar.
Você informa quais são seus pratos preferidos e o chef escolhe os ingredientes e assume o controle da cozinha.
No caso da carteira administrada, o princípio é parecido.
A vantagem é que, como a carteira é única e exclusiva, você pode dar opiniões e discutir sobre as principais decisões.
> Leia também: Investindo em ações a longo prazo: vantagens e dicas.
E quais são as desvantagens?
Investir por meio de uma carteira administrada tem vantagens, mas também pontos de atenção que devem ser levados em conta.
As principais são:
Patrimônio mínimo elevado
Apesar de haver um movimento de “democratização” das carteiras administradas, em geral o capital mínimo para acessar um serviço sob medida dessa natureza ainda é alto.
Algumas instituições oferecem esse tipo de serviço apenas para investidores qualificados, com mais de R$ 1 milhão comprovadamente investidos no mercado financeiro.
Você até pode encontrar carteiras administradas que admitem valores menores, mas não com o mesmo nível de customização.
Em geral, são produtos padronizados, criados para atender a uma classe inteira de clientes e não um cliente individual.
Custo extra
Lembre que, diferentemente do agente autônomo de investimentos, o administrador de carteira é remunerado pelo próprio investidor.
Para prestar seus serviços, o profissional cobra uma taxa de administração.
Alguns gestores podem cobrar também a taxa de performance caso o resultado da carteira administrada supere o benchmark.
A taxa de performance não é uma regra, mas pode chegar a 20% do rendimento que exceder o índice de referência.
Dependendo do tamanho do património do cliente e do tipo de relacionamento criado com a instituição financeira, é possível suavizar os custos de algumas maneiras.
Uma delas é a redução gradual da taxa de administração conforme o volume de recursos alocados até um determinado limite.
A outra é por meio da negociação entre o administrador de carteiras e os distribuidores de produtos, como os fundos de investimento.
Eventuais reduções de custos, inclusive por meio de cashbacks, podem compensar, pelo menos em parte, a taxa de administração, tornando a carteira administrada mais eficiente.
Como criar uma carteira administrada
Agora que você sabe o que é e como funciona uma carteira administrada, confira a seguir um passo a passo para montar a sua.
1. Refletir sobre os prós e contras
O primeiro passo antes de terceirizar a gestão do seu portfólio é fazer uma pesquisa ampla sobre o tema e refletir sobre os prós e contras de ter uma carteira administrada.
Essa é uma avaliação muito particular, que deve levar em consideração a quantidade de recursos que você tem para investir, seu conhecimento sobre o mercado financeiro e sua disponibilidade de tempo.
Durante a pesquisa, vale buscar informações também sobre outros tipos de produtos, como um fundo exclusivo, a fim de embasar a tomada de decisão.
2. Pesquisar sobre os prestadores de serviço
Caso você decida realmente contratar uma carteira administrada, o passo seguinte é pesquisar e comparar as condições oferecidas pelos diferentes players do mercado.
Vale ressaltar que um administrador de carteiras pode ser uma pessoa física ou jurídica.
Além de ponderar os custos do serviço, coloque na balança também aspectos mais subjetivos, como reputação, credibilidade e volume de recursos sob gestão.
Se muitos clientes confiam seu patrimônio a um gestor, isso pode ser um indicativo de que ele é bom no que faz.
3. Contratar o serviço
O último passo é acertar a contratação do administrador de carteiras e discutir a customização do serviço e o alinhamento de expectativas.
Nessa fase, você deve informar ao administrador seus objetivos e metas para que ele construa um plano de investimentos ajustado às suas necessidades.
Cabe ressaltar que a alocação será feita pelo administrador, mas você pode e deve acompanhar as operações e informar eventuais mudanças de planos.
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Você pode perfeitamente criar sua própria carteira de investimentos, mas fica evidente que, com ajuda profissional, os resultados podem ser muito melhores.
Afinal, mesmo que tenha conhecimento técnico e analítico aprofundado, o mercado muda com frequência e é preciso estar preparado para se posicionar diante das mudanças, de forma a tirar o melhor proveito e não perder boas oportunidades.
De tempos em tempos, surgem novas classes de ativos, novas regulamentações e novas maneiras de acessar o mercado que podem influenciar direta ou indiretamente a sua tese de investimentos.
Portanto, nada melhor do que ter uma ajuda profissional para navegar por mares nem sempre calmos com mais segurança e tranquilidade.
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Lembre-se: rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro. O desempenho dos fundos é líquido de taxas, mas não de impostos. O conteúdo deste blog tem o objetivo de educação financeira. Não tome decisões baseadas unicamente neste ou em qualquer texto. Faça a lição de casa, estude, questione, investigue e dê valor ao seu dinheiro.
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